Após quase três anos afastado da seleção brasileira, melhor jogador de handebol do país decide voltar às quadras sonhando com os Jogos Olímpicos
“A partir de uma certa idade, a gente sempre pensa em parar”. Aos 33 anos, Bruno Souza admite que é difícil não pensar no fim da carreira depois de quase dez anos sem férias, sem descanso. Foi por isso que o melhor jogador brasileiro de handebol de todos os tempos resolveu voltar para o Rio de Janeiro, após longa temporada na Europa, e chegou a estar bem próximo da aposentadoria. Mas o armador bicampeão pan-americano não aguentou ficar muito tempo "na rede, com o pé para o alto". Menos de seis meses depois de retornar ao Brasil, não resistiu à chance de disputar os Jogos de Londres-2012. E voltou às quadras.
- Eu nunca tinha férias, nunca tinha tempo. O atleta nunca tem tempo de descanso. Passei nove anos sem férias. Quando eu não estava no clube, estava na seleção. Depois de dois ciclos olímpicos assim, a pessoa cansa. Todo mundo acha que é muito legal, mas os clubes da Europa são muito exigentes. Os jogadores nunca têm tempo para a família – contou o jogador, que atuou na Alemanha, na Espanha e na França.
Foi justamente por querer passar mais tempo com a família que Bruno resolveu retornar ao Brasil após mais de dez anos morando na Europa. Casado e pai de um menino de dois anos, o Luc, o armador voltou para Niterói, cidade em que nasceu, no fim do ano passado. De lá para cá, o jogador eleito o terceiro melhor do mundo em 2003 tem aproveitado para tirar merecidas férias.
- O atleta de alto nível nunca consegue descansar 100%, deitar na rede com o pé para o alto. Eu sempre fiz atividades e sempre pensei em continuar me divertindo praticando esporte. Mas é claro que é diferente de fazer um exercício normal.
Mesmo longe das quadras há seis meses e sem estar vinculado a nenhum clube brasileiro, Bruno não resistiu à chance de voltar a vestir a camisa da seleção brasileira depois de um longo intervalo de quase três anos. A chance de disputar as Olimpíadas de Londres-2012 falou mais alto.
- Com certeza, isso me ajudou a seguir minha carreira. É um incentivo, um ânimo a mais. Esse é um projeto novo visando Guadalajara, que vai ser o meu quarto Pan. E, como o Pan é classificatório para o Mundial, eu começo hoje um projeto para chegar até Londres - afirmou Bruno, que desde o último domingo iniciou a primeira etapa do treinamento com a seleção em São Sebastião do Paraíso, em Minas Gerais.
Após os Jogos Olímpicos de Pequim, onde o Brasil foi eliminado com apenas uma vitória na primeira fase, a comissão técnica quis fazer uma renovação na seleção. A dificuldade em substituir jogadores como Bruno Souza, no entanto, levou o técnico espanhol Javier Cuesta a convocar novamente os atletas mais experientes.
- Na minha cabeça, eu não pensava mais em disputar o Pan de Guadalajara. Eu já nem estava sendo convocado para a seleção. O técnico estava optando por uma renovação. Mas, infelizmente, esses atletas não estavam dando a resposta que se esperava. E, como a minha geração ainda dá resposta fisicamente, ele optou em nos chamar de volta.
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